
Com o crescimento do uso de cigarros eletrônicos no Brasil, especialmente entre os jovens adultos, uma pergunta se tornou cada vez mais comum: o vape é realmente mais saudável que o cigarro tradicional? Neste artigo, vamos comparar os dois, analisando os impactos na saúde, os componentes, os riscos de dependência e o que dizem os estudos mais recentes. Se você está pensando em trocar o cigarro pelo vape — ou simplesmente quer entender melhor as diferenças — este conteúdo é para você.
O que é o vape?
O vape (ou cigarro eletrônico) é um dispositivo eletrônico que aquece um líquido — conhecido como juice — para gerar um vapor inalável. Esse líquido geralmente contém nicotina, aromatizantes e outras substâncias químicas, mas não há combustão como no cigarro tradicional. A grande promessa dos vapes é oferecer uma alternativa “menos nociva” ao fumo.
Existem vários tipos de vapes, como:
- Pod systems: portáteis e fáceis de usar.
- Mods: dispositivos maiores e mais potentes.
- Vapes descartáveis: prontos para uso e sem necessidade de recarga.
O que é o cigarro tradicional?
O cigarro comum é feito com tabaco seco enrolado em papel, e é fumado por combustão. Quando aceso, ele libera mais de 7.000 substâncias químicas, das quais cerca de 70 são comprovadamente cancerígenas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Entre as substâncias presentes estão:
- Alcatrão
- Monóxido de carbono
- Formaldeído
- Cianeto de hidrogênio
O cigarro é responsável por milhões de mortes todos os anos no mundo, sendo um dos maiores fatores de risco para doenças como câncer de pulmão, enfisema pulmonar e doenças cardiovasculares.
Comparando os dois: vape vs cigarro
Vamos agora analisar as principais diferenças e similaridades entre o vape e o cigarro.
1. Composição química
- Cigarro: Contém milhares de substâncias químicas, muitas delas tóxicas e cancerígenas.
- Vape: Contém menos substâncias em comparação, mas ainda possui nicotina, propilenoglicol, glicerina vegetal e aromatizantes. Estudos mostram que, embora o número de substâncias nocivas seja menor, ainda há riscos — especialmente a longo prazo.
2. Presença de nicotina
Ambos contêm nicotina, uma substância altamente viciante. No entanto, no vape é possível controlar a quantidade de nicotina — até mesmo optar por juices com zero nicotina. Isso pode ser útil para quem deseja reduzir a dependência gradualmente.
Porém, atenção: mesmo em níveis mais baixos, a nicotina afeta o cérebro, o sistema nervoso e aumenta os batimentos cardíacos.
3. Riscos à saúde
- Cigarro: Amplamente comprovado como extremamente nocivo, causa câncer, doenças cardíacas, AVCs e danos pulmonares irreversíveis.
- Vape: Ainda está sendo estudado. Há indícios de que o uso contínuo pode causar irritações respiratórias, inflamações pulmonares e aumento de risco cardiovascular. Casos de doenças como EVALI (lesão pulmonar associada ao uso de vapes) foram registrados, especialmente em jovens.
4. Dependência
Ambos causam dependência física e psicológica, principalmente pela nicotina. O vape, por ser mais prático e aromatizado, pode facilitar o uso frequente, levando a um consumo maior do que o desejado. Muitas pessoas acabam usando o vape o dia inteiro, o que pode reforçar ainda mais o vício.
5. Aceitação social e uso entre jovens
O vape costuma ser visto como mais “moderno” e socialmente aceito, especialmente entre os jovens. O design discreto, os sabores variados e o marketing online contribuem para sua popularidade. Porém, isso também pode ser uma armadilha: os vapes muitas vezes são a porta de entrada para o uso da nicotina, inclusive entre pessoas que nunca fumaram cigarro.
O que dizem os estudos?
Pesquisas recentes apontam que:
- Vapes podem ser menos nocivos do que o cigarro para fumantes adultos que migram totalmente para o cigarro eletrônico.
- Não são inofensivos, especialmente para adolescentes e pessoas com doenças respiratórias.
- O uso dual (vape + cigarro) é comum e não traz benefícios reais à saúde.
Um relatório do Public Health England indicou que o vape pode ser até 95% menos prejudicial que o cigarro tradicional — mas isso se refere exclusivamente ao uso como substituto completo do cigarro, e não ao uso recreativo ou combinado.
O que a ANVISA diz sobre o vape?
Atualmente, a comercialização de vapes no Brasil é proibida pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Apesar disso, o consumo só cresce, com milhares de produtos entrando de forma informal no país. Isso significa que não há controle sobre a qualidade dos produtos consumidos — o que representa um risco extra para a saúde.
Vape pode ajudar a parar de fumar?
Há controvérsias. Em alguns países, como o Reino Unido, os cigarros eletrônicos são usados como ferramenta de redução de danos para fumantes que tentam parar. No entanto, para ser eficaz, isso exige:
- Acompanhamento médico
- Redução gradual da nicotina
- Uso supervisionado
No Brasil, essa abordagem ainda não é amplamente reconhecida.
Então… Qual é mais saudável?
Nem o cigarro, nem o vape são “saudáveis”. Porém, com base nos estudos atuais:
- O vape pode representar um risco menor em comparação ao cigarro, principalmente para fumantes que fazem a transição completa.
- Para quem nunca fumou, começar a usar vape não é recomendado — pode causar dependência e trazer prejuízos à saúde.
A melhor escolha para a saúde ainda é não usar nenhum dos dois.
Conclusão
A decisão entre vape e cigarro não é simples, especialmente em um cenário onde a informação é confusa e os interesses da indústria são fortes. Embora o vape possa ser menos prejudicial que o cigarro tradicional, isso não significa que seja seguro ou recomendado, especialmente para pessoas jovens e não fumantes.
Se o seu objetivo é reduzir os danos do tabagismo, o vape pode ser uma alternativa, mas sempre com acompanhamento médico. Caso contrário, o ideal é buscar meios comprovados para parar de fumar, como terapia, medicamentos e apoio profissional.